O aposentado Vicente Rocha da Cruz, de 71 anos, vive uma agonia diária enquanto espera há meses por cirurgia de hérnia. A situação se torna ainda mais complicada devido ao seu histórico de problemas cardíacos, que exige uma vaga na UCO (Unidade Coronariana) para realizar o procedimento. O problema de saúde de Vicente teve início em 2018, quando começou a apresentar os sintomas de uma hérnia inguinal esquerda. No entanto, quando foi submetido a exames para tratar especificamente dessa condição, foi constatado um problema cardíaco em junho de 2019, o que resultou em uma cirurgia do coração. De acordo com a filha caçula, Suslaine Pereira Rocha Faxina, de 42 anos, após a cirurgia cardíaca, Vicente foi novamente colocado na lista de espera do SUS (Sistema Único de Saúde) por conta da hérnia. Entretanto, em abril de 2020, sua condição piorou quando ele foi internado na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Leblon, devido a fortes dores. “Ele passou mal e foi internado na UPA. A hérnia desceu e ele não conseguiu colocar de volta. A médica avisou que ele deveria ser levado para o Hospital Universitário”. Desde então, a saúde de Vicente tem sido uma montanha-russa de preocupações. Ainda em abril de 2020, seu coração sofreu uma nova alteração, inviabilizando a cirurgia de hérnia, pois havia risco de infarto durante o procedimento. “O coração teve uma alteração no coração em abril de 2020. Se ele tivesse ido para a mesa de cirurgia teria risco de infarto. De lá para cá ele continua com dores”, explica Suslaine. Longa espera - Em dezembro de 2022, Vicente recebeu uma ligação informando que poderia voltar ao atendimento médico este ano. No dia 4 de janeiro, ele compareceu a uma consulta com uma cardiologista para avaliar o risco cirúrgico. Embora tenha sido liberado para a cirurgia, foi informado que precisaria de uma vaga na UCO. Desde fevereiro, Vicente aguarda pela vaga, que foi prometida em até 30 dias. “Infelizmente, já se passaram três meses e a situação continua a mesma, enquanto ele lida diariamente com dores intensas e a necessidade de recolocar a hérnia manualmente”, explicou a filha caçula. Vale ressaltar que essa não é a primeira vez que Vicente enfrenta problemas de hérnia. Em 2010, ele passou por uma cirurgia semelhante no lado direito do abdômen, o que torna ainda mais urgente a realização do procedimento para tratar sua atual condição. Lotação - A reportagem entrou em contato com a assessoria do Hospital Universitário e com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que é responsável pelo direcionamento dos pacientes do SUS. A Sesau informou ao Campo Grande News que o Hospital Universitário é a referência para a cirurgia do paciente em questão. O hospital possui um centro de terapia intensiva disponível, caso seja necessário para realizar o procedimento. No entanto, o paciente ainda está em processo de regulação e aguarda o encaminhamento para a realização da cirurgia. À reportagem, a representação do Hospital Universitário informou que a UCO está com dificuldade de aceitar novos pacientes, uma vez que seus 9 leitos estão completamente ocupados. Segundo a assessoria do hospital, as cirurgias de hérnia seguem um processo de regulação para serem realizadas e o paciente ainda está na fila espera.
