Caso Master: Vorcaro e ex-presidente do BRB passam por acareação; diretor do BC é dispensado
Os depoimentos do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, à Polícia Federal apresentaram divergências que levaram a uma acareação na noite desta terça-feira, 30. O diretor de fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino, foi dispensado da confrontação de versões.
A acareação serve para sanar inconsistências em depoimentos com declarações divergentes em um processo penal, entre acusados, vítimas e testemunhas, por exemplo. O confronto dos relatos ajuda o juiz a buscar a versão mais fidedigna antes de sua decisão.
Vorcaro e Costa estiveram pessoalmente no Supremo Tribunal Federal (STF) para depor no caso Master, cujas apurações estão sob a responsabilidade do ministro Dias Toffoli. Investigados, o ex-banqueiro e o ex-dirigente do BRB foram interrogados, cada um, por mais de duas horas. A Polícia Federal e um juiz auxiliar, que atua no gabinete do ministro, decidiram pela acareação.
Também convocado a dar explicações à polícia, o diretor Ailton de Aquino começou a depor no início da noite, depois de aguardar no tribunal por mais de cinco horas. Toffoli, por meio de seu juiz auxiliar, decidiu por dispensar o representante do BC da acareação.
Em uma nota conjunta, entidades como Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e ABBC (Associação Brasileira de Bancos) defenderam o Banco Central e afirmaram que “a presença de um regulador técnico e, sobretudo, independente do ponto de vista institucional e operacional, é um dos pilares mais importantes na construção de um sistema financeiro sólido e resiliente”. Todas essas reações foram no sentido de evitar a acareação envolvendo o diretor Ailton de Aquino.
O processo é sigiloso. Desde o começo de dezembro, diligências e medidas ligadas à investigação sobre o Banco Master e Vorcaro têm que passar pelo crivo de Toffoli, por decisão do próprio magistrado.
Caso Master
A investigação sobre a tentativa de venda do Master apontou que, antes mesmo da formalização do negócio, o banco teria forjado e vendido cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado para o BRB —R$ 6,7 bilhões em contratos falsos e R$ 5,5 bilhões em prêmios, o valor que supostamente a carteira valeria, mais um bônus.
O escândalo do Master levou à liquidação do banco em 18 novembro e à prisão de Daniel Vorcaro, seu controlador, por 12 dias. Ele segue monitorado por tornozeleira eletrônica.
A urgência na determinação de uma audiência com um representante do Banco Central tem levantado outros temores com as investigações sob a responsabilidade de Toffoli.
Pouco antes do Natal, dois oficiais de Justiça estiveram no Master, em São Paulo, à procura do liquidante da instituição, Eduardo Félix Bianchini, o que alimentou a expectativa de que ele seja intimado para prestar esclarecimentos nos próximos dias.
Servidor aposentado do Banco Central e escolhido pelo regulador para cuidar da liquidação do banco de Vorcaro, Bianchini passou o Natal com a família fora de São Paulo e não estava no escritório durante a visita dos oficiais.
O gabinete de Toffoli negou, por meio da sua assessoria, que tenha partido dele o envio de oficiais de Justiça para intimar o liquidante do Master.
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