Com o assassinato de Natali, mãe vive 2º luto em menos de 1 ano
Em menos de 1 ano, a copeira Tatiane da Silva Rochy, de 35 anos, vive o 2º luto. Ela perdeu a filha Natali Gabrieli da Silva de Souza, assassinada aos 18 anos pelo marido com vários golpes de faca, quando tentava se recuperar da perda do irmão, Anderson Renato da Silva, de 28 anos, também morto a facadas, em agosto do ano passado. No velório da filha, na manhã deste domingo (2), no Cemitério Memorial Park, Tatiane contou que pede sabedoria e força a Deus para conseguir continuar vivendo. “Muito triste. As vezes acho que não vou conseguir seguir”, lamentou. Ela é mãe de quatro filhos, Natali era a mais velha dos irmãos. Tatiane relembrou da cena que encontrou ontem quando chegou na casa da filha, depois que já havia acontecido o crime. “Vi tudo quebrado, destruído. Tinha garrafa de cerveja quebrada no quarto, poça de sangue na cozinha e muito caco de vidro. Fui para a rua e encontrei o corpo da minha filha coberto por um lençol, me apavorei. Meu esposo me abraçou e não deixou chegar perto”, disse. No chão havia muito cabelo da filha, que foi cortado pelo assassino, Cleber Corrêa Gomez, de 30 anos. Ele foi preso logo após o crime, na casa de um parente, no mesmo bairro, com as roupas sujas de sangue. Segundo Tatiane, tinha uma relação boa com a filha, mas já tinha 20 dias que as duas não estavam conversando, justamente porque pedia para Natali largar o marido, mas ela não aceitava. “Ela não ouvia ninguém, amava muito ele. Achava que ele ia mudar”, contou. Natali morreu com a filha de 1 ano, que tinha com Cléber, nos braços. Segundo Tatiane, a filha estava muito feliz porque há 2 meses havia conseguido emprego de auxiliar de limpeza e trabalhava no Terminal Guaicurus. “Ela estava tão feliz, porque ia ajudar o marido a pagar o aluguel. Fiquei sabendo pelos amigos dela que ele maltratava ela, mas como gostava muito dele, ela nunca teve coragem de denunciar”, contou. A mãe completa falando que a filha deixou um legado. “Vou cuidar da minha neta como cuidei de Natali. Ela dizia que estava trabalhando para dar tudo o que a filha precisava”. A serviços gerais Kamila Santos, de 18 anos, prima da vítima, trabalhava com Natali no terminal. Na sexta-feira as duas se encontraram e conversaram pela última vez. “Ela ainda pediu para a avó dela ir no terminal para vê-la, porque seria a última vez. Parece que ela já estava sentindo”, lamentou. Sobre a prima, Kamila só tem elogios e admiração. “Ela era tranquila, sempre com sorriso no rosto, não tinha maldades. Era boa mãe, falava que queria trabalhar para comprar as coisas para a filha. Espero que Justiça seja feita. A filha fica chamando pela mãe”, disse. Anderson , irmão de Tatiane, morreu no início da madrugada do dia 13 de agosto do ano passado. Ele foi esfaqueado no peito e no abdômen no Jardim Santa Felicidade, na Rua José Belinatti. O rapaz havia sido resgatado em estado grave e encaminhado para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos. Natali foi morta com a filha no braços, na manhã de ontem (1º), pelo companheiro, Cleber, na Rua Leopoldina de Queiroz Maia, no Bairro Parque do Lageado. O autor foi preso em flagrante por equipes do GOI (Grupo de Operações e Investigações). Quem avisou Tatiane sobre o crime foi a mãe do assassino. "Ela é pastora na minha igreja e não tem culpa do que o filho fez", disse a copeira.