Com mais 40 kg de manga caindo aos montes nos fundos de casa, Fernanda Chilante, de 43 anos, já não sabia mais o que fazer com tanta fruta. O jeito foi colocar tudo na calçada para que as pessoas levassem. A ideia rendeu até uma plaquinha engraçada explicando que só as mangas são doações, não a mesa onde elas estão. No final, a coisa deu certo, mas não poupou a bacia que estava por lá também. Ao cor, ela conta que o intuito não foi evitar roubos, mas uma preocupação em deixar claro que o foco eram as frutas. O método deu certo, mas não salvou a bacia que ela deixou por lá também. “Eu tinha medo é que acabassem as mangas da mesa e as pessoas achassem que a mesa era para doação. Não era medo de roubarem a mesa porque o bairro é tranquilo, mas a bacia que ficou ali levaram. Não a coloquei no recado, ficou em aberto”, brinca. Fernanda veio de Porto Alegre para Campo Grande há 7 anos, mas está na casa repleta de mangas há 3. No primeiro ano perdeu a estação em que a árvore dá frutos, mas no segundo tudo mudou. “A gente colocava muita manga no lixo porque ninguém vinha buscar e começou a me dar muita dor no coração. Aí coloquei a mesa lá fora e falei ‘seja o que Deus quiser’. Começou ano passado. Não coloquei a mesa na rua, mas já postei nas redes sociais. Uma pessoa conhecida na cidade me ajudou e muita gente veio buscar. Fiquei chocada. Eu falo que eles são ‘meus clientes das mangas’. Fico em uma felicidade de doar as mangas porque tem muita gente que quer e compra as mangas e eu tenho baldes e não consigo dar um fim”. Fernanda é mãe de três filhos que ajudam e reclamam de tantas mangas no quintal. Apesar do trabalho, todos ficaram felizes com as pessoas querendo as frutas que dão aos montes pela cidade. “Um dia pesei as mangas; houve dias em que peguei 40 kg, em outros peguei ainda mais, mas a queda costuma durar cerca de 12 dias. Elas começaram a cair mesmo no sábado passado e acredito que vá um pouco mais e depois dê uma parada”. Quando estava em Porto Alegre ela conta que não tinha nenhum contato com a fruta, que gostava, mas não tinha pés próximos da casa ou da família. “Lá não tem essa, tem a manga rosa. Eu gostei dessa, eu acho ela mais doce e mais mole, boa de comer com a mão. A outra é boa para fazer uma salada mesmo”. “No primeiro ano o pessoal veio de fato pegar de sacola. Ano passado saímos bastante, esse ano achei mais fraco. Domingo deixaram aqui a rua e o povo teve que passar por aqui e pegaram. Eu falava ‘meus clientes das mangas’. Eu fico em uma felicidade de doar as mangas porque tem muita gente que quer e compra as mangas e eu tenho de baldes e não consigo dar um fim”. Apesar de tantas mangas, Fernanda explica que, comparada ao ano passado, a quantidade da fruta está menor. “No primeiro ano o pessoal veio de fato pegar de sacola. Neste ano, achei mais fraco. Domingo fecharam aqui a rua de trás e o povo teve que passar por aqui e pegar as frutas”. A família até tenta dar um fim para as mangas, mas mesmo com as doações sempre estragam muitas. No começo Fernanda até pensou em fazer das mangas um novo tipo de açaí e consumir com granola e acompanhamentos, mas ficou enjoada. “É tanta manga que acabo enjoando. Não tenho vontade de fazer nada. Ontem de noite coloquei uma capa de chuva e fui pegar as caídas no quintal. Hoje, como choveu, já não pegaram nada. Eu só peço que a pessoa leve uma sacola”. Quem quiser pegar as mangas com a Fernanda pode ir à Rua Travessa General Amadeu Anastácio, número 14, no bairro Amambai. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .