O CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) realizou vistorias em unidades de urgência e emergência e identificou um cenário de desabastecimento de medicamentos essenciais e insumos básicos nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e nos CRSs (Centros Regionais de Saúde) de Campo Grande. A entidade divulgou nota pública manifestando “profunda preocupação” com a situação, que considera de risco para pacientes e profissionais. Segundo o CRM-MS, ao longo do último período foram feitas diversas fiscalizações, nas quais foi constatado baixo estoque e, em alguns casos, a completa ausência de remédios indispensáveis ao funcionamento dos plantões. Entre os insumos em falta estão luvas, lençóis, cânulas e outros materiais básicos para o atendimento seguro. A situação é agravada, de acordo com o Conselho, pelo decreto recente que suprimiu gratificações dos servidores da saúde, incluindo médicos da rede municipal. A medida, segundo a entidade, "fragiliza as condições de trabalho, desestimula a permanência de profissionais e compromete a qualidade da assistência oferecida à população". O CRM-MS também destacou a ausência de um secretário municipal de Saúde nomeado desde o início de setembro, o que dificulta a responsabilização administrativa e a adoção de soluções estruturadas. O quadro, reforça o Conselho, não é pontual: persiste há mais de um ano e vem se agravando, gerando aumento de denúncias enviadas à entidade. Em nota, o CRM-MS alertou para o “iminente risco de colapso” da rede de urgência e emergência caso medidas imediatas não sejam tomadas. O Campo Grande News entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande sobre o manifesto do CRM. O Executivo, porém, não respondeu aos questionamentos até o momento. O espaço segue aberto para esclarecimentos. Denúncias recorrentes - As denúncias também foram relatadas por médicos da rede municipal ao Campo Grande News, em outubro. Eles confirmaram a falta de medicamentos, insumos e exames e relataram que a escassez é realidade há mais de um ano. Profissionais que atuam nas UPAs receberam alertas sobre a falta de ceftriaxona, antibiótico fundamental no tratamento de infecções graves e decisivo para salvar vidas quando administrado rapidamente. Além do antibiótico, unidades enfrentam falta de outros remédios e insumos, além de limitações em exames laboratoriais. Um médico relatou que recomendaram encaminhar pacientes com suspeita de infarto, pancreatite ou insuficiência renal aguda para outros hospitais, devido à falta de exames necessários nas próprias UPAs.