O espetáculo Carne Viva, criação de Estefânia Bueno em parceria com a atriz Madu Flores, estreia hoje (12), às 20h, na Casa de Cultura, com entrada gratuita. A peça transforma relatos reais de mulheres em cena, propondo uma reflexão direta e necessária sobre violência, memória e resistência. A obra nasceu do projeto Sobreviver, que realizou encontros e um ato poético voltados exclusivamente para mulheres. Esses momentos serviram de base para a dramaturgia. Segundo Estefânia, ouvir essas histórias foi determinante: “A dor da memória virou esperança de justiça e mudança para as próximas gerações.” Durante a convocatória do projeto, diversos relatos foram reunidos, testemunhos que expõem a violência ainda presente no cotidiano brasileiro. A diretora destaca que essas histórias muitas vezes nem chegam ao conhecimento público: “No sistema ainda dominado por homens, até a verdade corre o risco de ser escondida.” Em Carne Viva, essas vozes ganham forma por meio de música, performance e ficção, criando uma obra que busca dar corpo a sentimentos silenciados. A peça aborda diretamente o feminicídio e a violência de gênero, entendidos não apenas como um sofrimento das mulheres, mas como uma ferida social. “Em cena, damos voz a esse ódio sem ferir ninguém”, afirma Estefânia. Para ela, a arte é uma ferramenta crítica fundamental: questiona, denuncia e não permite que injustiças sejam esquecidas. Embora o foco seja a experiência feminina, Estefânia reforça que a transformação precisa ser coletiva: “Se a violência é uma cultura praticada por todos os gêneros, a mudança também tem que ser.” A apresentação traz cenas inéditas e trilha sonora original, com exceção de “Mônica”, música de Angela Ro Ro incorporada pela força de sua temática sobre violência contra a mulher. Data: 12 de dezembro Horário: 20h Local: Casa de Cultura - : Av. Afonso Pena, 2270 - Centro. Entrada gratuita