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Entre pastel e casas de massagem, Vila Glória é centro velho que virou passagem

A Vila Glória, na região central de Campo Grande, é movimentada por vias tradicionais da cidade, como as Avenidas Calógeras e Fernando Corrêa da Costa e as Ruas Rui Barbosa e Treze de Maio. Entre comércios variados e casas antigas, foi o berço do jornalismo na Capital, com empresas de comunicação até hoje instaladas ali. E assim foi caminhando para a boemia, o que hoje já não é característica, apesar das casas de massagem dominarem a região. De dia, um respiro em meio ao vai e vem de comércios de ferramentas, lojas de mecânica e tráfego constante na Avenida Calógeras, está na Joãozinho Pastelaria, que abriu as portas há 27 anos no mesmo endereço.  Quatro de maio de 1998 é a data que João Pedro Soares Valadão, de 57 anos, não esquece. O dia em que inaugurou o seu negócio. De pé desde 3h30, de segunda a sábado, Joãozinho diz que é o amor pelo trabalho que o mantém firme, apesar da rotina exaustiva. “Eu abro 6h da manhã, então tudo é fabricado no dia”, conta. Ele diz ter recebido clientes famosos, como Michel Teló, Munhoz e Mariano, mas nunca se preocupou com registros ou autógrafos. Para João, quem marca a história da pastelaria são as pessoas comuns. “Você constrói uma família, né? No cotidiano. Tem cliente que vem todo dia e você já sabe até qual é o pedido dele.” Caçula da família e cozinheiro desde os 11 anos, ele afirma ter um diferencial reconhecido pelos clientes: o queijo. “Aqui não se usa mussarela em nada. É tudo queijo caipira.”  A massa dos pastéis é a mesma há 25 anos, receita compartilhada por uma das primeiras clientes, Dona Celina. “Ela me disse que a receita iria morrer com ela se não passasse para frente.” Para João, o alimento é sagrado, e é o único trabalho que ele conhece. Entre os clientes frequentes estão o corretor de imóveis Teodoro Chaves Neto, 39, e o médico-veterinário Artur Gomes, 31. Amigos de longa data, mas afastados pela correria, se reencontraram por acaso na pastelaria e, desde então, é ali que se veem semanalmente há mais de uma década.  “O salgado do Joãozinho você pode vir todo dia que está sempre igual, não perde qualidade. É o simples que funciona”, diz Artur. Luz vermelha Mas o sabor não é o único a movimentar o bairro, animado pelas casas de prostituição. “Você identifica elas pelos números grandes pintados nos muros”, indica um morador. O primeiro local encontrado pela reportagem estava na Rua Professor Severino Ramos de Queirós, reconhecível não pelo número, mas pelas cores: preto e rosa, além da silhueta de uma mulher estampada na fachada. Ao se aproximar, a equipe encontrou uma funcionária de 40 anos retirando o lixo. “Você sabe o que é aqui, né? Aqui é um cabaré”, diz à reportagem. De dentro do local vinha música alta, mas sem permissão para entrar.  “Tem pessoas aqui que não podem ser expostas”, explica a mulher ao barrar a equipe do Campo Grande News . No Google, o lugar aparece como "bar", mas não tem como esconder o que realmente é. “Os clientes vêm, escolhem a menina, fazem o programa e vão embora. Aqui não tem pole dance, não tem show, não tem stripper. Aqui é uma casa de atendimento.” Ela afirma que a vizinhança já se habituou. “As pessoas se acostumaram, porque aqui não é bairro residencial, é comercial. Tem vários comércios, né? E aqui é um comércio também.” Em outra tentativa de entrar, na Rua Vinte e Quatro de Outubro, a reportagem encontrou outra funcionária, que foi até a calçada verificar um carro estacionado. Também sem se identificar, ela confirma a presença de várias “casas” e diz não poder conversar. Na explicação rápida, comentou sobre o fluxo de atendimento: “Depende do dia. A pessoa pode bater aqui e ser atendida. É reservado, o público é selecionado. Às vezes o portão fica aberto, às vezes é pelo site”. Na terceira tentativa, a equipe foi autorizada a entrar em uma casa na Rua Miguel Couto, marcada pelos números grandes no muro. Vista de fora, parece apenas uma residência. O dono, de 55 anos, é direto: “[Aqui] antigamente era uma casa de prostituição. Tem 21 anos essa casa, é a mais antiga do bairro”. Mas segundo ele, hoje só oferece "massagrem", já que exploração sexual de garotas de programa é crime no Brasil Ele admite a irregularidade do comércio, mas descreve o que considera uma espécie de acordo tácito. “Vamos supor que fechem todas as casas. Para onde que essas meninas vão? É por isso que não fecham. A prefeitura tem parceria com todas. Faz exame, traz camisinha”, conta sobre a assistência de saúde e programas de prevenção ao HIV.  Para ele, “isso aqui salva muito as ruas de não encherem”. O proprietário também aponta a divisão entre mulheres cis e trans. Segundo ele, há rejeição por parte dos clientes, e travestis não entram. Ele diz que cerca de 20 mulheres se revezam no local e que a segurança delas é prioridade. “Aqui não é zona, é casa de família. Tem mãe, tem menina que sustenta família, paga aluguel. É uma casa respeitada. Aqui não sai briga. Nada de problema. [...]. Os homens não entram bêbados. Podem até sair, mas entrar não”. Uma das mulheres, de 24 anos, está no ramo há 3 anos e na casa há 7 meses. Sem se identificar, conta que a família desconhece sua profissão, mas dali sai o sustento dela e de 2 filhos pequenos. “É um lugar onde consigo dinheiro mais rápido, sem prejudicar ninguém. Mas não é dinheiro fácil. Às vezes pegamos clientes desagradáveis.” Sem romantizar, ela fala da permanência na profissão: “Eu não vou levar isso o resto da minha vida. Tenho minhas metas. Isso cansa, mas é o que me serve no momento.” Criando os filhos sozinha, ela reforça a falta de opções: “Eu preciso. Moro de aluguel. Ninguém me sustenta.” O cuidado é constante: IST (infecções sexualmente transmissíveis), preservativos e injeções. Ela relata já ter passado por humilhações, deboches e violência física. Memória resgatada Laureano Secundo, jornalista aposentado, acompanhou de perto o desenvolvimento da Vila Glória. Nascido em 1960, sempre foi curioso sobre o bairro onde trabalhava. Chegou ali como muitos outros profissionais que circulavam entre os prédios dos veículos mais tradicionais da época, como o Correio do Estado e o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Mesmo com fluxo intenso, novos comércios e vida noturna agitada, Laureano lembra da violência que marcou as décadas de 1970 a 1990. “A Calógeras virou ponto de travestis. Prostituição mesmo. E, consequentemente, acabou sendo um lugar de muita violência. Ocorriam vários crimes ali.” Ele recorda o caso de um colega de trabalho, morto após encontrar um soldado do Exército em um desses pontos. Mas havia também alegria. Laureano relembra, com brilho nostálgico, o dia em que Roberta Miranda, ainda no início da carreira, se apresentou em uma casa de shows do bairro. Depois do show, foi convidada para jantar com jornalistas. À mesa, admitiu não ter dinheiro para pagar um restaurante mais caro, já que o cachê era baixo. Um deles pagou o jantar. Anos depois, ao reencontrá-la por telefone, ouviu: “Aquele dia você matou a minha fome.” Apesar das memórias vibrantes das boates, bares, casas de shows e do movimento intenso, ele lamenta o rumo atual da Vila Glória. Para ele, o “centro velho” está esquecido, cada vez mais vazio de moradores e tratado apenas como caminho de passagem. Um lugar onde muitos circulam sem perceber a vida que ali um dia existiu, ou talvez, ainda exista. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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