Vira e mexe alguém pede guaraná no saquinho nos bares e mercearias da cidade e não é difícil que falem sobre a saudade de furar tampinha e beber o "refri" que fez parte da infância e acompanhou a vida de muita gente. O que alguns não sabem é que a fábrica da famosa Funada, que depois acabou virando “patrimônio” do Estado, se instalou aqui justamente porque a demanda era alta demais para ficar atravessando de balsa os engradados de Presidente Epitácio até Bataguassu. Embora tenham outras marcas, todo Estado tem um refrigerante para chamar de seu, por aqui, esse ganhou o coração das pessoas. A fama dos guaranás nos saquinhos começou nos anos 1950, teve o auge nos anos 70 e se estendeu até 2000. Para contar essa história, o Lado B falou justamente com quem esteve dentro do negócio desde os 15 anos e viu de perto a então sorveteria Funada se transformar em uma fábrica de refrigerante. Márcio Funada, de 52 anos, conta que a prática de tirar a garrafa e colocar no plástico era porque o vidro ainda era caro na época, muitos estabelecimentos não tinham copo descartável, o vasilhame não era retornável e pela facilidade do transporte. Apesar de outros refrigerantes também terem vivido a época em que eram entregues aos clientes no saquinho, foi o guaraná/tubaína que ganhou toda a fama na nostalgia das pessoas. “A tubaína era mais acessível que outros refrigerantes, isso ficou gravado na memória afetiva das pessoas. Os bares e mercearias, a cantina da escola não podia deixar o casco com o cliente, então tinha que colocar no saquinho para que eles levassem embora.” Depois de ter passado por quase todas as fases na fábrica e ver o tio e o pai fazerem os refrescos, hoje Márcio é um dos donos. Em Campo Grande desde 2007, ele explica que veio para cá um ano depois que a única filial da marca se instalou aqui, em 2006. “A gente atende Mato Grosso do Sul há muitos anos, deve ter uns 50, desde a época que tinha balsa em Porto Epitácio. Quando surgiu a ideia que a gente tinha que ampliar, apareceu o nome de Campo Grande. O Estado era um dos que mais consumiam. A gente está em quase todo. Hoje a gente aumentou a produção em 10 vezes mais do que quando montou a fábrica.” Funada conta que começou a trabalhar no negócio da família como promotor de venda, depois foi para o setor administrativo, depois ocupou o cargo de gerência até se tornar gestor. “Abastecia a gôndola e colocava preço. Depois fui vendedor e trabalhei bastante na parte de eventos, depois fui administrativo e depois gerência. Tô nesse cargo há uns 20 anos.” Para ele, quando as pessoas associam o guaraná de saquinho à Funada, é um reconhecimento de 78 anos de história da marca e conquista pessoal. “É uma alegria muito grande, sempre a gente escuta as pessoas falando que sentem saudade de furar a tampinha e colocar o guaraná no saquinho. Isso é gratificante, dá um orgulho para a gente. Uma vez ouvi falarem assim: a marca se torna tão conhecida que ela sai da sua mão e passa a pertencer ao povo.” História Para quem está por fora da história, tudo começou após a família Mampei Funada sair do Japão para morar no Brasil. Em Presidente Prudente (SP), interior de São Paulo, a Indústria de Bebidas Funada ficou famosa pela Tubaína. O primeiro estabelecimento foi uma sorveteria e bar localizado na Rua Quinze de Novembro. Em 1947 Mampei Funada e dois de seus filhos fundam a “Funada e Filhos”, que produzia guaraná, água tônica, xaropes, soda limonada, conhaque, aguardente, quinado, raiz amarga e vinagre. Tudo mudou em 1970, quando começaram a comprar máquinas tecnológicas para envasar bebidas. Em 2006 a família abriu a única filial da empresa em Campo Grande. “Meus avós começaram com uma sorveteria e depois mudaram para fábrica de refri artesanal, tudo manual. Meu tio junto com meu avô estavam no ramo de alimento e resolveram fazer refrigerante. Viram outros fazendo e queriam tentar. Deu certo. A empresa foi mudando. No começo era uma receita e depois foi aprimorando. Tem o seu segredo industrial até hoje. Anos depois compramos a primeira máquina semiautomática. Antes era tudo manual.” Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .