Em Aparecida de Goiânia, 8 mil crianças aguardam vaga para se matricular em meio a abandono de CMEI
Dificuldade para conseguir arcar com quantidade de alunos pode ser reflexo do abandono de obras voltadas para educação
O déficit de vagas na rede pública de ensino infantil têm dificultado a vida das famílias que não conseguem pagar uma escola particular ou uma cuidadora. Em Aparecida de Goiânia, por exemplo, 8 mil crianças aguardam na fila de espera para se matricular na rede municipal de ensino.
A recepcionista Thaís Rocheany, de 33 anos, faz parte das famílias que aguardam vagas. Mãe de duas crianças, Ana Laura, de 7 anos, e Gabriel Moura Arantes, de 2 anos, ela precisa arcar mensalmente com uma babá por não conseguir matricular os filhos. Ela afirma que um terço do salário é destinado apenas para pagar a profissional.
Abandono
A mulher, no entanto, também denuncia o abandono da construção de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), na Rua São Bartolomeu, Setor Jardim Alto Paraíso. A recepcionista, que mora na região há cerca de sete anos, diz que desde que se mudou para o setor se deparou com a obra parada.
“Olha quanto tempo e quantas crianças poderiam ter sido atendidas aqui. Esse abandono é um desrespeito total com a população, dinheiro jogado desperdiçado. Fora que poderia resolver o problema de falta de vagas da região”, explicou.
Refúgio
Ainda de acordo com a recepcionista, o local seria um refúgio para as famílias que não têm dinheiro para pagar uma babá e que precisam trabalhar: Thaís conta que não é a única da região que sofre por não ter onde deixar os filhos. Segundo ela, muitas mães estão nesta mesma situação.
“Algumas mães tiveram que deixar de trabalhar fora para cuidar das crianças, já que é caro pagar alguém. Tenho uma amiga que tem sete filhos, três ainda precisam de um CMEI. Ela tem ainda um recém-nascido que vai precisar também em alguns meses. Como que ela vai conseguir pagar alguém para olhar essas crianças? Como se não bastasse, o local ainda serve de esconderijo para bandidos e usuários de droga”, concluiu.
A Secretaria Municipal de Ensino (SME) informou que criou 5 mil novas vagas, mas que ainda não será o suficiente para arcar com a quantidade de alunos.