Motorista que tenta provar inocência em série de assaltos é condenado pela Justiça
Família afirma que Jefferson Santana teria sido forçado por dois homens a dirigir o carro durante assaltos cometidos em Feira de Santana, em 2021
O motorista de aplicativo, Jefferson Bento Santana, de 26 anos, foi condenado a mais de 10 anos de prisão por envolvimento em uma série de assaltos cometidos em Feira de Santana, no ano de 2021. A sentença foi divulgada na noite desta quarta-feira (8). A condenação ocorre em meia a um processo conturbado, em que Jefferson tenta provar sua inocência há quase dois anos.
O homem é investigado por oito assaltos que aconteceram no dia 26 de setembro de 2021. Na ocasião, Jefferson foi preso em flagrante com outros dois suspeitos. No entanto, segundo a família, ele havia sido obrigado pelos dois homem a dirigir enquanto os suspeitos realizavam os assaltos.
Jefferson passou nove meses preso e foi solto em 21 de junho do ano de 2022, quando passou a responder o processo em liberdade. “É inexplicável. O que eu passei nesses últimos meses eu não desejo para o meu pior inimigo. Foi constrangedor, foi difícil. Foi bem complicado. Eu não sei nem o que dizer, porque a liberdade é uma coisa que não tem preço. Não tem dinheiro que pague a liberdade da pessoa, principalmente quando você está preso injustamente. Aí que fica mais difícil ainda. É emoção demais, eu não via a hora de rever minha família, pegar meu filho no colo”, desabafou Jefferson à época, em entrevista para a TV Subaé.
A decisão desta quarta (8) pegou a família de surpresa, conta Raquel Bartira Santana, esposa de Jefferson. "Nós vamos recorrer. Para gente foi um baque, porque não estávamos esperando por isso. Sabendo que Jefferson é inocente e que não tem nenhuma prova que condene ele. O Ministério Público que é o órgão acusador pediu absolvição, não dá pra entender a decisão da juíza. Estamos muitos tristes, mas não vamos deixar de lutar, pois sabemos que ele é inocente", disse ao CORREIO.
Marcos Silva, advogado de defesa, está confiante que podem reverter a condenação. “Fomos intimados hoje da sentença e temos cinco dias para recorrer. Vamos recorrer ao Tribunal de Justiça da Bahia e com certeza vamos reformar esta decisão e reestabelecer a justiça", declarou.
Entenda o caso
Segundo a família, Jefferson trabalhava como técnico em refrigeração em um hospital e fazia corridas por aplicativo nas horas vagas, para complementar a renda. No dia do crime, ele já havia encerrado o expediente e aceitou uma corrida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro da Queimadinha, em Feira de Santana, com destino a UPA da Mangabeira. Em depoimento à polícia, o motorista contou que os passageiros anunciaram o assalto assim que entraram no veículo e o obrigaram a dirigir.
Durante o percurso, oito pessoas foram assaltadas e câmeras de segurança flagraram o carro de Jefferson. Em determinado momento, Jefferson se jogou do carro em movimento e o veículo seguiu desgovernado até bater em um poste. Ele e os outros dois homens foram presos em flagrante após as vítimas prestarem queixa à polícia.
Em abril de 2022, o Ministério Público Estadual (MP-BA) entrou um pedido de liberdade, que acabou sendo negado pela Justiça no dia 8 de junho daquele ano. Dias antes, a defesa de Jefferson havia informado que a perícia feita no celular dele não apresentou ligação com os outros dois suspeitos de cometerem os crimes. O laudo da perícia do veículo do motorista também teria concluído que o carro não tinha irregularidades. A Polícia Civil não confirmou as informações.
Com os laudos, a defesa anexou aos autos do processo e enviou para o Ministério Público da Bahia (MP-BA) com o pedido de revogação da prisão. Com isso, o MP-BA informou que enviou parecer favorável à solicitação, que foi acatada pela Justiça e Jefferson foi posto em liberdade no dia 21 de junho.