Ministro da Defesa pede a Lula aumento de salário de militares

José Múcio Monteiro busca reajuste de 9% para salários das Forças Armadas em meio a descontentamento entre praças e suboficiais.
247 — O Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, comprometeu-se a buscar junto ao presidente Lula (PT) e à equipe econômica um aumento salarial de cerca de 9% para os militares das Forças Armadas, informou a Folha de S.Paulo. A demanda, apresentada pelos comandantes militares, ganhou destaque nos últimos meses devido ao crescente descontentamento entre praças e suboficiais com seus salários.A insatisfação, que tem se agravado desde 2019, surgiu após uma reforma previdenciária planejada para os militares se transformar em uma reestruturação da carreira, incluindo a criação de benefícios atrelados a cursos e promoções por tempo de serviço. Essa mudança provocou distorções nos ganhos dos militares, beneficiando oficiais superiores e oficiais-generais em detrimento dos praças e militares de patente inferior.De acordo com informações, generais chegaram a aumentar seus salários em até R$ 150 mil com ajudas de custo durante movimentações militares, que normalmente ocorrem a cada dois anos. Quando se aposentam, esse valor pode chegar a cerca de R$ 300 mil. Esses números despertaram uma crescente frustração nas fileiras inferiores das Forças Armadas. O Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já teve conversas iniciais com o presidente Lula e a ministra da Gestão, Esther Dweck, sobre o aumento salarial dos militares. Novas rodadas de negociações estão agendadas para setembro e outubro, durante as discussões sobre o orçamento de 2024.A justificativa apresentada pela Defesa é que os servidores públicos civis já receberam um aumento de 9% em seus salários, e agora buscam a mesma medida para os militares. No Exército, o comandante Tomás Paiva designou um grupo de trabalho para elaborar uma proposta de reajuste salarial para os militares da Força. Generais argumentam que praças e suboficiais recebem atualmente salários até 30% menores do que em 2001, quando uma medida provisória conhecida como "MP do Mal" reduziu ou extinguiu diversos benefícios militares. A reestruturação da carreira de 2019 aumentou a disparidade salarial, sem promover mudanças significativas no soldo base dos militares.A crítica especializada aponta que as distorções criadas em 2019 devem ser revistas de forma mais ampla, e não apenas por meio de um aumento nos salários dos praças. Pesquisadores e especialistas sugerem que a discussão sobre a Política Nacional de Defesa deve ser aberta à sociedade civil para encontrar soluções adequadas. A atuação do Ministro Múcio Monteiro também está sendo questionada, com alguns especialistas argumentando que ele age como um intermediário dos militares junto ao poder político, quando seu papel deveria ser o oposto: levar as instruções políticas aos militares e discutir o orçamento da Defesa com a sociedade e o Parlamento.Especialistas enfatizam a necessidade de investir em tecnologia, equipamentos e programas estratégicos, seguindo o exemplo de países como os Estados Unidos e a França, que reduziram seus contingentes militares enquanto aumentaram seus investimentos em defesa. No entanto, isso só será possível quando o controle civil efetivo sobre o orçamento das Forças Armadas for estabelecido.