Novas células T descobertas podem revolucionar tratamento de câncer em estágio avançado

Cientistas encontram 'medicamento vivo' promissor em exame de sangue de sobrevivente de câncer em estágio avançado
247 - Cientistas fizeram uma descoberta impressionante ao encontrar um 'medicamento vivo' extraordinário no exame de sangue de um sobrevivente de câncer em estágio avançado. Um ano após receber "o maior avanço na terapia contra o câncer" em mais de 50 anos, o corpo deste paciente ainda estava protegido por um conjunto de células imunes T, extremamente potencializadas.Pesquisadores da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, descobriram que essas células T especiais podem ser muito mais eficazes no reconhecimento e ataque a tumores do que as células T comuns. Elas poderiam até erradicar diversos tipos de câncer de vários ângulos simultaneamente. "Ficamos realmente surpresos com nossas descobertas, pois ninguém sabia que células T individuais poderiam reconhecer células cancerosas através de várias proteínas associadas ao câncer ao mesmo tempo", explica o biólogo da Universidade de Cardiff, Andy Sewell.Na última década, a terapia de linfócitos infiltrantes de tumor (TIL) emergiu como uma nova e poderosa forma de possivelmente erradicar tumores em estágio avançado. A terapia TIL envolve a retirada de células brancas do sangue do próprio tumor do paciente e o aprimoramento artificial para combater melhor o câncer. Em ensaios clínicos, a terapia parece funcionar mais de 80% das vezes.Ainda que com resultados impressionantes, os cientistas ainda não sabem como a terapia funciona em nível celular. Pesquisadores de Cardiff têm tentado descobrir isso há anos e, agora, tiveram um avanço. Ao analisar os resultados dos ensaios clínicos de fase I e II, em que 31 pacientes com melanoma maligno receberam a terapia TIL, os pesquisadores descobriram que aqueles que conseguiram eliminar o câncer ainda apresentavam fortes respostas de células T mais de um ano depois.As células T de um desses pacientes eram notavelmente 'multiprongadas', mostrando o potencial para responder à maioria dos tipos de câncer, não apenas ao melanoma. "Importante, temos visto um grande número de células T multiprongadas no sangue de sobreviventes de câncer", diz Sewell. "Até o momento, não encontramos tais células T multiprongadas em pessoas cujo câncer progrediu".Para confirmar o que realmente está acontecendo, Sewell e seus colegas agora devem observar atentamente essas células T multiprongadas atacando o câncer em laboratório. Somente então eles poderão determinar se essas células imunológicas são responsáveis pelos ótimos resultados da terapia TIL."Esperamos investigar se as células T multiprongadas projetadas podem ser usadas para tratar uma ampla gama de cânceres de maneira semelhante à como as células CAR-T projetadas são agora usadas para tratar alguns tipos de leucemia", diz um dos autores principais, o imunologista da Universidade de Cardiff, Garry Dolton.As células CAR-T são terapias de células T com receptor de antígeno quimérico e já foram aprovadas como tratamento para câncer de sangue pela US Food and Drug Advisory. A terapia CAR-T difere ligeiramente da terapia TIL porque reprograma células T específicas para atacar certas partes de uma célula cancerosa. Como as células T TIL vêm diretamente de um tumor sólido, são mais diversas, e os cientistas não precisam ajustar seus mecanismos de ataque quase tanto. Talvez isso seja o que as torna tão eficazes contra tantos tipos de câncer."O número de pacientes ainda é pequeno, mas é possível que as células T multiprongadas possam estar associadas à remissão completa – ou à eliminação do câncer", espera Sewell.O estudo foi publicado na Cell.Com informações de ScienceAlert.