Brasil terá voo direto para Havana, diz embaixador
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À TV 247, Christian Vargas antecipou que durante a viagem de Lula a Cuba, Brasil e a ilha fecharão acordos, principalmente de cooperação na área agrícola de transição energética
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247 - Em entrevista a Marcelo Auler, Tereza Cruvinel e Dafne Ashton no Bom Dia 247, o embaixador do Brasil em Havana, Christian Vargas, falou da passagem do presidente Lula (PT) pelo país, onde participa da reunião do G77, e da retomada das relações cooperativas entre Brasil e Cuba, praticamente interrompidas na era Bolsonaro (PL). Uma das medidas de reaproximação será a abertura de um voo comercial direto do Brasil para a capital cubana, com apenas uma escala. Antes disso, em outubro, a Latam começará a oferecer um voo com conexão em Lima, no Peru, que já reduzirá o tempo de viagem e o preço, estimulando o fluxo turístico bilateral.Lula, explicou o embaixador, não estará fazendo uma visita oficial a Cuba neste final de semana. Irá para participar do G77, que está sob presidência cubana neste momento, mas terá encontro com o presidente Diaz-Canel e autoridades cubanas. O G77, criado nos anos 60, reunindo 77 países em desenvolvimento, atualmente congrega mais de 100, é muito influente na ONU e agora faz uma reunião de cúpula convergente com os esforços da política externa de Lula, de unificar os interesses e demandas do Sul Global.Há dois meses Vargas chegou a Havana, onde não havia embaixador brasileiro há quatro anos e começou o trabalho de restauração das relações diplomáticas. Neste sentido, lá estiveram também recentemente o embaixador Celso Amorim e o presidente da Apex, Jorge Viana. O trabalho da embaixada agora pode ser acompanhado pelos recém-criados perfis nas redes sociais Instagram e X (@embrasilcuba)."Embora o presidente esteja vindo não para uma visita oficial, mas para a reunião do G77, alguns ministros estarão na comitiva, como as de Ciência e Tecnologia e Saúde, e alguns acordos, que não posso antecipar ainda, deverão ser assinados. Com certeza haverá cooperação na área agrícola, através da Embrapa", disse Vargas, destacando a importância de Cuba na área de biotecnologia e fármacos, e na produção de vacinas. Anos atrás, por exemplo, foram vacinas cubanas contra hepatite que ajudaram o Brasil no enfrentamento da doença.Estão sendo discutidos também acordos de cooperação na área da transição energética, para a produção de biocombustíveis e uso de energia solar. Cuba tem grande dependência da importação de alimentos e energia. Na primeira viagem de Lula como presidente a Cuba, em 2003, teve início a discussão sobre a conversão das usinas de açúcar em produtoras de etanol. Vários empresários brasileiros estavam na comitiva e se interessaram pelo negócio, mas ele não avançou. Será retomado agora em outras bases.Recordando os 60 anos do embargo comercial imposto pelos Estados Unidos, o embaixador resgatou as consequências nefastas para a economia e para o povo cubano, e a condenação da maioria absoluta dos países do mundo, reiterada anualmente durante a Assembleia Geral da ONU. Vale recordar que no ano passado, pela primeira vez, por orientação direta de Jair Bolsonaro, o Brasil votou contra a resolução que pede o fim do embargo, ao lado dos Estados Unidos e de Israel, contra 187 países a favor e duas abstenções. Este ano, o Brasil retomará sua posição histórica contra o embargo.Um dos esforços que a embaixada está fazendo, neste momento, é para que o Brasil passe a se utilizar do porto cubano de Mariel, que ajudou a construir, financiando as construtoras brasileiras que participaram da obra."Mas depois do Porto pronto, por razões políticas nos afastamos, perdendo oportunidades de negócios. Hoje, 22 países, incluindo China e Reino Unido, e 63 empresas internacionais valem-se de Mariel para suas exportações. Existem apenas dois portos de águas profundas na região do Caribe, um fica no Panamá e o outro é Mariel. Precisamos nos reposicionar ali", disse o embaixador. Jorge Viana, em sua recente visita, esteve no porto.Por fim, sobre a eventual volta dos cubanos ao programa Mais Médicos, Vargas descartou essa possibilidade. Hoje a situação mudou, os médicos brasileiros passaram a se interessar pelo programa e não se faz mais necessária a cooperação estrangeira. “Mas o Brasil é muito grato pelo que os médicos cubanos fizeram pelos brasileiros naquele momento”.