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A dignidade nacional exige algo que grave nos nossos costumes uma inscrição de NUNCA MAIS contra tentativas de quarteladas
Nações costumam selecionar certos momentos de seus calendários, além do trabalho e dos dias santos, para consignar datas importantes de eventos históricos e marcos nacionais. É natural que em tais registros se insiram situações e inciativas que hajam neutralizado infortúnios, catástrofes ou memórias de outro tempo com significação para os contemporâneos. Em tais circunstâncias se entende a providência governamental no sentido de destacar o 8 de janeiro, consignando a infeliz tentativa de golpe de estado, com a invasão de bárbaros que depredaram a Praça dos Três Poderes, com vandalismo no Judiciário, Parlamento e Executivo, no caso o chamado Palácio do Planalto. Ainda não nos saíram da mente as cenas de turbas de ensandecidos em sua ação de terra arrasada que deixaram para trás. O que fizeram continua sendo julgado por nossos magistrados.
A dignidade nacional exige algo que grave nos nossos costumes uma inscrição de NUNCA MAIS, exposta nos livros didáticos e nos relatos de historiadores contra tentativas de quarteladas com as quais nos habituamos a acompanhar, quando não se aceita o resultado de eleições. Nesse caso, há eminências pardas que ainda devem ser processadas – e serão -, queremos crer. Parte dos congressistas, gente que testemunhou escandalizada ou fleumaticamente a dimensão do terrorismo de direita contra o patrimônio nacional, saúda com satisfação a notícia da citada data e da memória dos acontecimentos. Mas certas parcelas da opinião tentam fechar os olhos ou jogar em outrem a culpa pelo ocorrido. Pelo visto, não possuem ombros capazes de suportar o peso.
O Ministério e autoridades do judiciário, bem como pessoas responsáveis e governadores favoráveis à iniciativa estarão presentes. Outros (da oposição, incluindo Tarcísio de Freitas, Zema, Jorge Leite e assemelhados) desculparam-se e se esquivaram, alegando férias e compromissos... Para bom entendedor, a oportunidade se oferece para confissões de culpa, traduzidas pelo silêncio na hora da chamada diante dos holofotes. Ninguém morrerá por causa disso. Mas a História registrará o nome dos que repudiam a ideia de democracia e o respeito à liberdade. O líder da insurreição, afinal, já se encontra inelegível, aguardando o desenrolar das investigações para penas maiores, sem anistia.
Fala-se num país cindido... A verdade é que, desde a chegada dos portugueses assim estivemos, à procura de uma unidade acompanhada no horizonte apenas de relance, muito de vez em quando. Isso não impede que defendamos valores que nos definam de modo moderno, alinhando-nos ao que há de melhor. O atraso conhece o seu lugar. Que lamba as feridas e defenda os pilares do reacionarismo. A História, esta sim, saberá por onde deve seguir...