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Fascistas não foram listados pelo governo Bolsonaro, só os antifascistas
A deturpação de virtudes era marca indelével do governo Bolsonaro, que desde o seu primeiro dia tentou destruir a reputação de intelectuais, artistas, professores e tantos mais - todos esquerdistas e comunistas nas cabeças obtusas. Listá-los sempre foi uma necessidade da turba direitista, e descobri-los “infiltrados”, uma obrigação.
Antes de se cogitar, ao menos publicamente, a “Abin paralela”, descobriu-se em julho de 2020 um dossiê elaborado pela obscura Seopi (Secretaria de Operações Integradas), órgão do Ministério da Justiça, então sob Anderson Torres, listando agentes de segurança pública e “formadores de opinião” de posicionamento antifascista. Uma espécie de lista negra, à moda daquelas elaboradas pelo SNI (Serviço Nacional de Informações), instrumento da ditadura militar de triste memória.
Lembrou-se, quando veio a público a arapongagem, que a investigação estatal, a atividade de inteligência, só pode ocorrer quando existir concreta possibilidade de cometimento de crime. Não era o caso. E o STF mandou o MJ parar com a coisa.
Ao instituir o habeas data, a Constituição Federal estabelece o direito de as pessoas não terem aspectos subjetivos seus (orientações política, ideológica, sexual, por exemplo) gravados ou mantidos em bancos públicos de informação.
Fascistas não foram listados pelo governo Bolsonaro, só os antifascistas. Imaginemos se uma lista de cidadãos de inclinação fascista fosse elaborada por um órgão de Estado no governo Lula. Qual seria o tamanho do escândalo?