Segundo o presidente da Abifumo, Giuseppe Lobo, a posição oficial do Brasil no evento não está sendo divulgada oficialmente e a cadeia do fumo está alijada do debate
247 – A Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo) criticou nesta sexta-feira (9) a atuação da delegação do Brasil nas discussões da 10ª Conferência das Partes do Controle do Tabaco (COP10), que está acontecendo no Panamá. O evento, que termina neste sábado (10), é o mais importante fórum para a implementação de medidas para reduzir o tabagismo e conta com a presença de representantes dos 182 Estados parte do tratado. A posição do Brasil na COP10 é apresentada pela Conicq - Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco e de seus Protocolos. O colegiado é formado por representantes de 15 ministérios e órgãos do governo federal.
Segundo o presidente da Abifumo, Giuseppe Lobo, a posição oficial do Brasil no evento não está sendo divulgada oficialmente e a cadeia do fumo está alijada do debate. “A secretária-executiva da Conicq, Vera Luiza Costa e Silva, tem tomado medidas à revelia do posicionamento de outros ministérios, que deveriam estar participando do processo decisório”, afirmou Lobo. “Como a gente não tem uma posição final, a gente não sabe se as orientações dadas pelos ministros brasileiros foram respeitadas. A secretária da Conicq levou uma posição do Brasil que vai contra a produção de fumo”, acrescentou. Giuseppe Lobo disse também que uma delegação de deputados federais e estaduais do Rio Grande do Sul, além de jornalistas não obtiveram credenciamento para participar dos fóruns.
Entre as posições defendidas pelo Brasil nas discussões da COP10 está a proposta de responsabilizar a indústria de cigarro por danos provocados pelo produto ao meio ambiente. Em entrevista ao site jurídico Jota, Vera Costa e Silva afirmou que a proposta apresentada busca reunir evidências sobre o impacto do cigarro à saúde, ao meio ambiente e a interação desses dois fatores. Além da responsabilização, a secretária-executiva da Conicq defende que filtros fossem retirados dos cigarros, argumentando que os filtros em nada protegem o indivíduo.
Em outra proposta defendida nas discussões, a representação brasileira está defendendo a substituição da cultura do tabaco dentro do programa de diversificação da produção, executado pelo Ministério Desenvolvimento Agrário. Para Giuseppe Lobo, a medida terá impacto direto na produção de fumo pelo país. O Brasil é o maior exportador e segundo maior produtor de fumo do mundo. A cadeia econômica do tabaco conta com 130 mil famílias de agricultores familiares. A maioria da produção está concentrada na região sul do país.
O Brasil 247 não obteve sucesso em contatar a secretária-executiva da Conicq, Vera Luiza Costa e Silva, para comentar as declarações da Abifumo. O espaço segue aberto para a representante se manifestar.