Abraços e mimos para os colegas espantam medo antes das aulas
Bateu o sino e quem foi às escolas municipais, enfrentando a disseminação de boatos de ataques, teve um momento para relaxar e se divertir antes das aulas, no início da tarde desta quinta-feira (20). Para criar um clima de tranquilidade, diretores fizeram uma acolhida diferente com música e mensagens invocando a paz. A ação ajudou também os pais que dedicaram minutos a mais na hora deixar as crianças e adolescentes sob os olhares dos agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana). A Escola Municipal Elpídio Reis, no bairro Mata do Jacinto, recebeu mais alunos de manhã. A tarde, cerca de 35% dos 700 estudantes foram às aulas, segundo a diretora Dilma Wilder. Depois que todos entraram, por volta das 13h10, os estudantes foram para o pátio. Lá, receberam fitinhas brancas para usar como acessório e ouviram as mensagens dos diretores e coordenadores, sempre participando das reflexões sobre paz, amor, bondade, generosidade e boa educação. O foco foi deixar os alunos participarem, respondendo algumas perguntas. Ao som da música A Paz, do grupo Roupa Nova, os estudantes aproveitaram para trocar mimos, se abraçar e assim foram voltando para a rotina normal de aulas. Um aluna do 8° ano distribuiu balas. “A gente estava com tanto medo, que agora fazer um carinho não dá nada né”, brincou. A diretora conta que ficou impressionada ao ver todos se engajando na acolhida. Alguns foram de braco e outros, mesmo sem a cor combinada, pegaram suas fitinhas para marcar a data. “Essa ideia é pensada para atrair mais as crianças e voltar aquela alegria, além de compartilhar momentos legais entre os colegas. Hoje de manhã dava para ver o quanto estavam felizes e agora a tarde também. A ideia era todos virem de branco. Foi pedido para trazerem um mimo, algo para compartilhar com os colegas, como forma de demonstrar afeto", detalhou Dilma. Avó de uma estudante de 8 anos que levou uma rosa de presente para alguém, a aposentada Ângela Maria Moura Viana, de 64 anos, gostou da iniciativa da escola. “Estávamos precisando disso. A animação que a minha neta estava eu não consigo nem descrever. Achei muito importante o que fizeram aqui hoje”, comentou. Ela disse que se mostrou indignada com a disseminação de notícias falsas que amedrontam as famílias. Mesmo atrasado para entrar no trabalho, o açougueiro Valmir Severiano de Oliveira, de 47 anos, ficou mais um tempinho em frente a escola até que o filho, de 13 anos, fosse até o fim do corredor. “Trago meu filho todos os dias. Ele, geralmente, desce da moto e entra, mas hoje resolvi acompanhar até a entrada. Não queria deixar ele vir, mas ele disse que queria vir, então eu trouxe”, revela o pai. Ele conta que escola aumentou o número de guardas nas ultimas semanas, o que trouxe a sensação de segurança. Com 8 anos, a filha da dona de casa Daniela Bonito, de 45 anos, chegou confiante. A mãe fez de tudo para “blindar” a menina das mensagens de violência. “Nunca senti medo dessas ameaças e nunca passei esse desespero para minha filha, porque não acho necessário. Orientei ela, mas sem causar pânico. Eu privei ela de ficar vendo. Não deixei ver jornal e pedi para não comentem com ela. Por conta da idade, é uma criança”, contou Daniela. Sobre o smartphone, a mãe destacou que bastou acompanhar os acessos. “Ela tem celular para ver vídeos e redes sociais e sei o que ela está vendo e acessando. Como mãe, esse é o meu dever”, disse. Conforme a Semed (Secretaria Municipal de Educação), a acolhida diferente foi realizada em todas as escolas da rede hoje.