Fio no meio da rua: caminhão não passa e risco é de acidente para motociclistas
No meio da rua, um fio torna impossível a passagem de caminhões e coloca em risco a de motociclistas, no cruzamento da ruas Professor Xandinho e Ibirapuera, no Bairro São Lourenço. Pendurado em dois postes, o fio está quase na altura da cabeça de quem passa de moto. No alto do poste, um amontoado de fios de internet e telefone cortados e muitos jogados na rua e nas calçadas. Com atenção redobrada, condutores de carros passam por baixo do fio. Trabalhando, o motoentregador Nivaldo Pereira, de 19 anos, passa pelo local e nem se espanta mais com a situação, já que se depara com isso com frequência todos os dias. “Já passei por um fio desses que bateu no meu peito. Quando percebi, parei a moto, mas se eu tivesse com um pouco mais de velocidade teria caído. Isso pode provocar acidente grave. Estando acima de 30 quilômetros por hora, o motociclista já não consegue frear a tempo, vai cair”, comenta Nivaldo. Esse é mais um caso entre tantos pelas ruas de Campo Grande já expostos em reportagens. A Capital tem fios soltos em todas as regiões, conforme relatos de moradores. Por meio da da 43ª Promotoria de Justiça, o MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) investiga as diversas ocorrências de fios soltos nos postes de energia de Campo Grande, após pedido de moradores do Condomínio Via Parque, no Bairro Vivendas do Parque. É impossível saber a qual operadora pertencem os fios. Os moradores relatam que os técnicos cortam e deixam a fiação inútil jogada. Morador a Rua Professor Xandindo, o delegado de Polícia Civil e ex-vereador Wellington de Oliveira, diz que já perdeu as contas de quanto tempo os fios estão soltos ali e lembra que a Câmara Municipal chegou a aprovar projeto que virou lei para obrigar as operadoras a retirarem os fios, sob pena de multa, mas nada mudou. “É preocupante. A gente não sabe se é um fio energizado ou não. Principalmente à noite, quem passa não vê. Muitos motociclistas freiam já em cima do fio. Isso é o mesmo problema da linha de pipa, causa acidentes”, comenta Wellington. Lei - Em 2019, a lei complementar n. 348 foi promulgada pela Câmara Municipal, depois que vereadores derrubaram o veto do então prefeito Marquinhos Trad (PSD) ao projeto de autoria do vereador André Salineiro. A lei prevê multa de R$ 500 para a empresa que não solucionar o problema em prazo de 150 dias, mas a prefeitura não regulamentou até então. O Campo Grande News já questionou, anteriormente, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) sobre a situação. A agência informou que “cabe às distribuidoras de energia elétrica detalhar as regras de utilização dessa infraestrutura e realizar a boa gestão dos postes, atividade pela qual são remuneradas pelos prestadores ocupantes, podendo ser acionadas em caso de irregularidades”. A concessionária Energisa, por sua vez, informa que em casos como esse é importante que os clientes registrem a denúncia, informando endereços dos locais, nas agências de atendimento e pelo telefone 0800-722-7272. Quando recebe a reclamação, a Energisa notifica a empresa de telefonia ocupante do poste, solicitando a regularização. Na Capital, os postes são compartilhados entre a concessionária, companhias telefônicas e de internet, sendo que cada empresa é responsável pela manutenção da sua fiação.