"Seguiu o caminho errado e perdi meu único filho", diz mãe de suspeito de roubos
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Odair José Cezar Rodrigues tinha apenas 19 anos, mas uma longa ficha criminal. Desde os 14 cometia roubos e furtos na Vila Margarida, em Campo Grande, onde cresceu com a mãe e a avó, que hoje, às vésperas do Dia das Mães, choram o fim triste do garoto, morto após reagir a abordagem policial. "Ele seguiu o caminho errado e eu perdi meu único filho", diz a mãe. Enquanto enxugava as lágrimas, a jardineira Angélica Aparecida Cezar Rodrigues, 43 anos, conversou com a reportagem do Campo Grande News . Ela contou que criou Odair com a ajuda da mãe, dona Maria Angélica Cezar Rodrigues. Na casa simples da Vila Margarida, apesar das dificuldades financeiras, o trabalho das duas nunca fez faltar nada, muito menos carinho e amor. E foi assim que Odair cresceu até, segundo a família, se envolver com as drogas e más amizades. "Parou de estudar ainda criança, depois foi preso e eu paguei um advogado para tirar ele. Se eu soubesse que ia acabar assim, não tinha soltado", lamenta a avó. "É fácil? não é. A força vem do Pai para seguir", diz Maria. A avó aconselhou o neto várias vezes. "Sai dessa vida", dizia. "Se fosse preso, a gente arrumava advogado bom e trazia ele de novo, mas agora nada pode trazer ele de volta". A avó lembra que chegou a salvar o neto, que estava apanhando após cometer um roubo. "Aos 14 anos levou surra porque roubou uma tabacaria. Depois, com 17, estavam batendo nele após roubar um celular. O cara deu uma primeira pedrada que quebrou o maxilar, na segunda, peguei outra pedra e acertei o cara. Aquele dia eu consegui salvar ele", conta. "Já é o terceiro que me tiram dessa vida, meu marido assassinado, meu enteado que mataram torturado e agora meu neto". A mãe, Angélica afirma que a família já tinha alertado Odair. "Há dois dias do Dia das Mães perdi o único filho. Todos da família já tinham aconselhado ele", lamenta a mulher. Crimes - Odair já era conhecido por causar problemas no bairro, como furtos e até roubos violentos. "Várias pessoas comentavam 'ele ta roubando, ta roubando aqui'. Eu via ele na conveniência e todo mundo dizia. Estava terrível", disse um mecânico, de 31 anos, que pediu para ter o nome preservado. O auxiliar de cozinha, Luiz Henrique Monteiro, de 21 anos, afirma que conhecia Odair. "Conheço bastante o pessoal aqui do bairro e esse menino dava trabalho. Cresceu comigo, mas escolheu ir para esse rumo. Estava roubando moradores e até fiquei sabendo que ele esfaqueou um menino saindo do trabalho para roubar o celular dele", comenta. Odair sempre agia armado com faca. "Eu mesmo já vi ele roubando na minha frente na conveniência ali de cima, o celular do menino e bateu nele", diz. Uma comerciante, que não quis se identificar, contou que foi alertada. "Não conheço nenhuma vítima dele, mas o pessoal é meio receoso e me falou para tomar cuidado com ele, porque ficava fazendo pequenos furtos na região. Roubava celular e foi preso várias vezes, também já apanhou várias vezes", comentou a mulher. Abordagem - Odair José Cezar Rodrigues, conhecido como "Bokinha" ou "Alemão", foi morto após reagir à abordagem da Polícia Militar, na madrugada desta sexta-feira (12). As informações obtidas pela reportagem do Campo Grande News são de que os policiais faziam rondas nas imediações das Vilas Margarida e Giocondo Orsi, no entorno de uma empresa de telefonia, onde estavam ocorrendo vários furtos e roubos. Quando a viatura passava pela Rua 19 de Abril, viu o suspeito em um local mal iluminado, com roupa escura e a mão na cintura "aparentando esconder um volume". Ao ver os policiais, ele tentou esconder o rosto e então os militares tentaram abordá-lo. Contudo, o suspeito não obedeceu e sacou uma arma de fogo, apontando para os policiais. Na sequência, a PM (Polícia Militar) atirou e acertou dois tiros em Alemão. Ele foi socorrido pelos próprios militares, mas não resistiu e morreu 20 minutos após dar entrada na Santa Casa. Alemão estava com uma arma calibre 38 de numeração raspada. Segundo a Polícia Militar, Alemão tem passagens criminais por roubo qualificado, ameaça, violação de domicílio, tentativa de latrocínio, furto e tráfico de drogas.