Só não vê quem não quer: comprador “formiguinha” de cobre sustenta vício e furto
“Latinha 5,00, Cobre 26,00, Ferro 0,40”. A pintura com os preços em reais desses metais surge com seta indicando a direção ao imóvel. Mas ao ver a jornalista no portão ninguém aparece no Jardim Tijuca. As placas espalhadas pelo bairro “desenham” a realidade do furto de fios de cobre em Campo Grande. Os “compradores formiguinhas” servem de ponte entre os dependentes químicos e empresas maiores. Ou seja, numa ponta, ajudam a financiar a compra de drogas, remunerando os usuários que levam o cobre roubado. Na outra, revendem o material para terceiros. De longe, o cobre, presente na fiação, é o metal de maior valor. Um quilo é remunerado com R$ 26. As placas que chamam atenção no Jardim Tijuca ganham explicação mais adiante, quando a reportagem passa pela Vila Nhanhá. Lá, até encontrou um homem perambulando com canos de alumínio. Dependente químico, o homem de 46 anos conta que havia distribuição de comida no Jardim Tijuca para a população de rua. “Mas com o tempo o prato foi diminuindo, diminuindo. A comida ficou rala”, diz. Mas se a comida rareou, os usuários podem revender material furtado, conforme deixa claro as placas espalhadas pelo Jardim Tijuca. Nova tentativa - Após três anos de paralisia por falta de regulamentação, a prefeitura voltou a enfrentar o tema do furto de fios de cobre, com a publicação de decreto no último dia 9. A regra define multa de R$ 10 mil por infração cometida. A normatização pune tanto empresa quanto pessoas físicas. “Consideram-se comerciantes de sucatas metálicas e assemelhados toda e qualquer pessoa física ou jurídica que adquira, venda, exponha à venda, mantenha em estoque, use como matéria-prima, colete, beneficie, recicle, transporte e compacte material metálico procedente de anterior uso comercial, residencial, industrial ou de concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços públicos, ainda que a título gratuito”, informa o decreto. No caso de empresa, chamada também de pessoa jurídica, a punição inclui cassação de alvará de funcionamento. Desde abril do ano passado, foram furtados mais de 15 mil metros de fios de cobre, causando mais de R$ 200 mil de prejuízo à prefeitura. Experiência de Cuiabá – No próximo dia 27, a Câmara Municipal de Campo Grande Fará audiência pública sobre furto de cobres e a novidade será conhecer a experiência de Cuiabá, capital do Mato Grosso. “O presidente das telecomunicações de Cuiabá virá à audiência. Eles falaram que conseguiram zerar o roubo de fio de cobre lá. Então, o que a gente está fazendo? A gente está convidando eles para trazer para nós a expertise deles, como é que eles conseguiram fazer esse controle e apresentar isso para a prefeitura também”, afirma o vereador André Luís Soares da Fonseca (Rede), o professor André. Postes ao chão - Na Rua Artagnan dos Santos Machado, próximo a uma reserva de proteção ambiental, no Bairro Ze Pereira, três postes foram derrubados para furto das lâmpadas e fiação. "Eles estão quebrando postes para retirarem o fio e a luminária. Isso aconteceu atrás do Zé Pereira e eles vão vir pegar mais", diz morador, que encaminhou vídeo ao Campo Grande News. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News.