"Farmácias deixaram de ser saúde e se tornaram algo comercial", reclama conselho
Diretor-presidente do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia em Mato Grosso do Sul), Flávio Shinzato disse que as farmácias deixaram de ser uma questão de saúde e evoluíram para algo comercial. O diretor destacou que o avanço das grandes redes é muito grande na Capital, assim como no mundo todo, o que afeta a regularidade do setor e impacta negativamente no setor. “A situação é um pouco complicada, pois as grandes redes possuem muitas farmácias, isso coíbe o trabalho dos pequenos empresários, o que por consequência faz com que poucos permaneçam”, destacou ao Campo Grande News. Shinzato falou que o monopólio das grandes redes no ramo farmacêutico, regulam o mercado, o que gera ofertas abusivas aos clientes, desestimulando a competição no setor. “Deixou de ser comum, de ser por saúde e se tornou comercial. Diminui o fluxo de atendimento, a demanda de remédios e gera automedicação por parte da população, é um efeito cascata”, disse. A título de comparação, a OMS (Organização Mundial da Saúde) determina que uma farmácia atenda um público entre 8 a 10 mil pessoas. Na Capital, o Conselho destaca 423 farmácias, 346 privadas e outras 77 públicas. Ou seja, com o número atual disponível, as farmácias de Campo Grande podem abastecer um município, estado ou país com 3,3 milhões de pessoas, caso do Uruguai e Porto Rico. Em todo o Estado, são 1,5 mil farmácias, que no mesmo raciocínio, seriam capazes de atender 12 milhões de pessoas. Capital - Em Campo Grande, Shinzato disse que uma das principais questões é que as farmácias estão postas em vias com grande fluxo de veículos, o que para ele, em certo sentido, extrapolam as regras de zoneamento sanitário. Shinzato fala que todas estas questões, como a automedicação, podem ser evidenciadas em períodos de mudanças climáticas ou mesmo em épocas de temperaturas elevadas. “Toda essa questão passa por resistência de medicamentos, patologias respiratórias, pois cabe à população evitar ao máximo usar medicamentos sem acompanhamento médico, farmacêutico, visto que isso pode colapsar a rede pública”, falou. Por fim, o diretor-presidente do CRF-MS falou sobre o trabalho da pasta justamente na fiscalização do trabalho de farmacêuticos e profissionais de saúde. “Fiscalizamos para que não tenham estabelecimentos clandestinos, sobretudo que não cumpram regras fiscais, Vigilância Sanitária e controle. As grandes redes dominam o mercado, mas nosso trabalho é principalmente instruir os farmacêuticos quanto à venda de medicamentos, anti-inflamatórios, analgésicos, pois são eles os primeiros responsáveis por esse trabalho”, finalizou. A regra é que se evite prescrições indiscriminadas, atenção à origem dos produtos, destino, descarte e classificação dos medicamentos. Sobrevivência - Proprietária da Atefarma, pequena drogaria na região central da Capital, a farmacêutica Marianne Marques, de 31 anos, destacou que a alternativa encontrada por ela foi aderir a associação com outros pequenos proprietários do setor, a fim de melhorar o poder de compra e fortalecer o negócio com maiores garantias de competir com as grandes redes. “Nos associamos a um grupo de farmácias, assim, os pequenos conseguem se manter, têm um poder de compra mais seletivo pois quando se está sozinho, é impossível bater o poder de compra das grandes redes farmacêuticas”, disse. A profissional destacou que o modelo de associação de pequenos empresários do setor garante mais poder de compra aos lojistas, assim como permite que possam oferecer um produto mais barato para o consumidor final. “Hoje são cerca de 1,8 mil farmácias associadas em todo o Brasil. Com a compra coletiva, todas se juntam para comprar por campanha. Uma coisa é comprar com um CNPJ, outra coisa é aderir ao associativismo”, disse. Marianne falou que apesar da associação recente, o modelo de negócio já atinge cerca de 40% de seu negócio. “São duas opções, ou você se associa e mantém a fachada, ou se associa e adere a “bandeira” das farmácias associadas, o que traz mais benefício”, falou Marianne, que irá mudar a fachada e deslocar o nome atual para o rodapé da farmácia. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News .