Viúva de morto pela PM acusa: "não queriam prender, queriam matar"
A designer de unhas Joyce Fidelis da Silva Lima, de 25 anos, mulher de Clécio Ramos de Jesus, morto em abordagem da PM (Polícia Militar) na última quinta-feira (14), em Costa Rica, reclama da operação da polícia que terminou em duas mortes. Na ocasião, Kauã Maciel, de 19 anos, passageiro do carro conduzido por Clécio, também morreu. A mulher questiona se houve confronto e afirma que os dois já estavam em óbito quando deram entrada no hospital. Conforme a polícia, os dois suspeitos ocupavam um Chevrolet Monza e passavam pela MS-316, na região do Bairro Novo Horizonte, quando foram abordados durante ação conjunta das polícias Civil e Militar contra o tráfico de drogas. "(...) estavam transportando uma grande quantidade de droga", informou a Polícia Militar em nota enviada à imprensa. Joyce contesta. Segundo ela, que está grávida de dois meses, o marido não andava armado, não tinha droga no carro e os dois foram socorridos cerca de 1 hora depois dos fatos. “Eles já estavam mortos quando foram levados para o hospital. Ficaram agonizando. A informação é de que a abordagem ocorreu às 11h30. Eles chegaram no hospital por volta das 13h. O médico disse que já havia cerca de 1 hora que estavam mortos e não tinha mais o que ser feito”, contou. O local onde ocorreu os fatos fica a 10 minutos do hospital, segundo a mulher. De acordo com a polícia, Clécio e Kauã reagiram à abordagem disparando contra os militares. "Os suspeitos reagiram de forma violenta, efetuando disparos de arma de fogo contra os policiais militares. Em legítima defesa, os policiais reagiram e alvejaram os suspeitos, cessando a injusta agressão", descreve a nota. Os dois foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos e morreram. Segundo Joyce, o marido tinha mandado de prisão em aberto, havia dois dias, por condenação de 15 anos por tráfico de drogas, mas nunca reagiu a nenhuma abordagem. “Não tinha arma no carro, nenhum policial foi atingido. O tiro foi no peito do meu marido. Eles não queriam prender, queriam matar. Jogaram os dois na viatura igual se joga um bicho. Por que não chamaram o Samu, os bombeiros?”, questiona. Ela disse que vai levar o caso à Corregedoria da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) e à Defensoria Pública. Segundo a mulher, vídeo feito por câmera de celular (veja acima) mostra o momento em que os dois deram entrada no hospital. "Vamos correr atrás do exame pra ver se tinha pólvora nas mãos deles", afirmou. A família ainda não providenciou a certidão de óbito de Clécio. O único documento que Joyce tem em mãos foi fornecido pela funerária e não consta o horário do óbito. A reportagem procurou a assessoria de imprensa da corporação e aguarda retorno. Passagens - Segundo a Polícia Militar, Clécio era conhecido pela venda de drogas em Costa Rica. Constam mais de 50 passagens criminais contra ele, entre as quais: homicídio qualificado, passagem por tráfico e drogas, associação criminosa, receptação, porte ilegal de arma de fogo, lesão corporal dolosa no âmbito da violência doméstica, incêndio e ameaça. Já Kauã havia saído da penitenciária no final do mês de fevereiro. Ele tinha 19 passagens criminais, entre elas tráfico de drogas, furto e receptação. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .