Voz do amigo que morreu sem ver réu por abusos preso, jovens protestam
Voz do amigo que morreu sem ver o mestre de capoeira acusado de cometer série de abusos sexuais sexual preso, jovens foram para frente da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), que investigou série de denúncias, e do Fórum de Campo Grande protestar para que Leandro Busanello de Araújo não fique impune. Ao som do berimbau, o coro, reforçado por familiares de Raul Pablo Antunes Brum, que morreu aos 18 anos, e de outras pessoas que dizem ter sido vítimas do professor, o grupo entoava palavras de ordem e cantou: “Impunidade não”. Leandro já foi condenado, em 2020, por estupro de vulnerável – crime que teria sido cometido contra uma criança de 9 anos. A partir daí, outros alunos do mestre de capoeira, que comandava projeto social, passaram a “perceber” que também haviam sido vítimas. Raul foi um dos que foi à polícia, mas em outubro de 2021, cerca de um ano depois, ele foi encontrado morto em área de mata no Parque das Nações Indígenas. A morte do colega fez com que mais jovens fossem à DEPCA denunciar o capoeirista. Conforme apurado pelo Campo Grande, em 2022, Leandro já respondia a mais de um processo criminal relacionado às denúncias, todos em sigilo. Uma das ações é resultante das informações oferecidas por Raul. O mestre de capoeira também chegou a ter a prisão preventiva requisitada, mas o pedido foi negado, em agosto de 2022. Instrução e julgamento - Nesta quarta-feira (20), foi iniciada a fase de audiências de instrução de um dos processos contra Leandro Busanello. Até o início desta noite, três pessoas haviam sido ouvidas no Fórum de Campo Grande. Nesta etapa, vítimas e testemunhas e defesa depõem em juízo. Depois, o réu é interrogado. Terminadas as oitivas e apresentação de evidências, é a vez de juiz decide se há provas ou não para condenar o acusado. O segredo de Justiça impede que a reportagem acompanhe os depoimentos, mas a reportagem apurou que o réu acompanha tudo por videoconferência, já que se mudou de Mato Grosso do Sul, e através de seu advogado, que participa presencialmente e informou que se manifestaria em nome do cliente após o encerramento dos trabalhos de hoje. Leandro ainda recorre da condenação de 2020. O protesto - Na frente do Fórum, Yasmin Soares Lescano, de 19 anos, amiga de Raul, disse querer a justiça que o rapaz não teve. “A impunidade levou o Raul e podem levar mais vítimas. A gente precisa que a justiça seja feita para que outros jovens, crianças e adolescentes não sejam vítimas dele”, afirmou. Primo de Raul, Leandro Bartziki, de 24 anos, afirma que os abusos que o jovem enfrentou abriram ferida que jamais cicatrizou. “Nós da família ainda estamos muito abalados por uma perda que dói muito. Na semana do suicídio, o Raul começou a se abrir com a gente, os primos. Ele dizia que estava triste, inseguro, com medo e no último dia, disse que enquanto fazia as aulas se lembrava dos abusos. Ele era uma pessoa boa e querida, estamos muito tristes por ter perdido ele”. A profissional de Educação Física, Ariana Centurião, de 36 anos, que acompanhou todo o desenrolar das denúncias, explica que já fazem dois anos que os casos vieram à tona. “Estamos aqui pelas vítimas e pelo Raul. O sentimento que temos é de injustiça, de impunidade, é uma revolta muito grande”. Quem também engrossou o protesto foi a vendedora de 51 anos, mãe de um dos ex-alunos do mestre de capoeira. Sob a condição de anonimato, ela contou que o filho começou a praticar o esporte ainda criança. Hoje, ele tem 26 anos. “Meu filho tinha só nove anos quando começou a fazer aula com ele, mas só depois da morte do Raul que ele entendeu ter sido vítima de abusos e denunciou”. A mãe diz que o filho é dependente químico e acredita que o vício seja consequência da convivência do garoto com o professor. “Acho que era até uma forma dele conseguir realizar os abusos [suposto oferecimento de drogas para os meninos e meninas]. Tenho uma revolta muito grande, porque o discurso dele era totalmente diferente das atitudes deles. Só depois da morte do Raul que descobrimos que ele já tinha sido condenado pelo mesmo crime cometido em uma instituição, mas que nunca foi preso. Ele é um lobo disfarçado”. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .