Feira de vinhos naturais acontece em Salvador
Bernardo Goes e Mel Romariz são produtores da feira LIVRE (divulgação) |
A Virtuoso Vinhos promoverá, em 3 de junho, a primeira feira de vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos do Nordeste. Chamado de LIVRE, o evento acontecerá das 15h às 22h na Pousada Boqueirão, localizada no bairro do Santo Antônio Além do Carmo.
Os participantes poderão degustar mais de 50 rótulos elaborados artesanalmente por 10 produtores de toda a América Latina, além de adquirir as garrafas a preço de custo. Os ingressos para são limitados a 100 pessoas e podem ser adquiridos neste link, pelo valor inicial de R$ 145 (1º lote).
De acordo com Bernardo Góes, um dos produtores da LIVRE e sócio criador da Virtuoso Vinhos, a ideia é promover o consumo dessas bebidas e facilitar novos acordos comerciais para quem trabalha na gastronomia soteropolitana.
“Vamos trazer vinhateiros que produzem vinhos livres de agrotóxicos, livres de padronizações industriais, livres de correções e manipulações, livres para expressar em seus vinhos o que a terra lhes oferece”, explica Bernardo, que está realizando a feira junto à publicitária Melina Romariz.
Estão confirmados alguns dos maiores nomes da cena no país: Famiglia Boroto, Cia dos Fermentados, Domínio Vicari, Cantina Mincarone, Arte da Vinha, Casa Viccas, Valparaíso, Casa Ágora, Penzo e a distribuidora WS4U.
Um dos rótulos que estarão disponíveis para compra no evento é o que leva o nome da casa. Trata-se do Virtuoso, um rosé tranquilo elaborado pela Valparaíso para a loja soteropolitana usando a Isabel, uva de mesa com alta importância histórica no Rio Grande do Sul.
O consumo de vinhos naturais em Salvador
Ainda de acordo com Bernardo, o consumidor soteropolitano tem se aberto cada vez mais às inúmeras possibilidades dos vinhos ditos livres. “Construir uma cultura nova exige esforço e resiliência. E um bocado de álcool e bom humor também. A verdade é que estamos bem satisfeitos com a abertura do consumidor soteropolitano, que tem se mostrado bem interessado e gentil”, comenta.
Ele, que só consome vinhos com essa filosofia, afirma que existem três tipos de consumidores que frequentam o seu estabelecimento: os curiosos, mais abertos às sugestões; os apreciadores, os quais já têm um consumo mais tradicional e se surpreendem com os naturais; e os baladeiros, que não entendem de vinho e só querem beber.
“Mas ainda há muitos desafios por aqui. Os restaurantes da cidade, por exemplo, têm cartas ainda muito convencionais e caretas. Mas sigamos!”, acrescenta.
Entenda que são vinhos naturais, orgânicos, veganos e biodinâmicos
● Orgânicos são todos os vinhos cuja produção, no campo, é livre de fertilizantes e pesticidas químicos, organismos geneticamente modificados e outros aditivos sintéticos. Seu manejo se baseia em produtos naturais e em equilíbrio biológico, para impedir o surgimento de insetos, fungos, ervas daninhas e outras ameaças à vinha. As regras podem mudar de país para país e o Brasil possui uma certificação para esses produtos.
● Biodinâmicos são, além de orgânicos, elaborados segundo uma filosofia desenvolvida pelo austríaco Rudolf Steiner. Entre outras regras, o biodinamismo considera o calendário lunar para manejo das plantas, do solo e até para engarrafamento; a fermentação espontânea com leveduras indígenas e nenhuma correção de acidez e taninos. Para serem classificados desta maneira, devem carregar o selo de uma certificadora, a qual considera se todo o vinho é biodinâmico ou somente as uvas nele utilizadas.
● Os naturais não seguem normas ou regulamentações, mas visam a manter a característica natural da uva. São, normalmente, nascidos de vinhedos orgânicos ou biodinâmicos com foco em sustentabilidade, fermentados espontaneamente e elaborados com baixíssima ou nenhuma intervenção enológica. Um dos pontos que pode mudar, de produtor para produtor, é a adição de sulfitos (dióxido de enxofre) – um aditivo com função antioxidante, antibacteriana e conservatória.
● Veganos são todos os vinhos que não passaram por nenhum tratamento com insumos de origem animal (como a proteína do ovo ou do leite utilizadas na clarificação). Vinhos kosher e os que não foram filtrados e clarificados, como muitos naturais, também são, automaticamente, veganos.