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Etiqueta: do salto de Luis XIV ao torço alegórico da criada

A finada Danuza Leão, chiquérrima e meio louca como necessário, dizia na contra capa do seu Na Sala com Danuza (Siciliano, 1992): “ Faço parte de uma tribo longe de qualquer tradição ou preconceito, de meio social indefinido, uma pessoa com idéias próprias e um certo bom senso. E que mesmo defendendo as belas maneiras, dá mais valor à Ética nas relações do que a qualquer procedimento tido como civilizado”.

Mais ou menos, saudosa Danuza. Talvez para o contexto daquela época você se enxergasse como tribo sem preconceito ou meio social indefinido, mas você nasceu em berço esplêndido e só circulava na alta de Mayrinks Veigas recebendo princesas, e chega a sugerir no capítulo do supracitado livro em que se dedica a dicas para receber em casa: “Se você for uma dona de casa muito novidadeira, pode pedir à sua empregada (se for negra) para fazer um penteado afro”. Sem comentários. 

Também eu quando o li há 31 anos, aos 21, jamais imaginaria sentir a dor do soco no estômago que recebi ao reler agora alguns destes trechos. Mas eu escolhi rir da Danuza como quem ri de memórias estapafúrdias, até porque, voltando ao contexto da época e ao seu próprio contexto, a Danuza foi sim uma transgressora dos rigores formais da etiqueta. Aliás, quando fala sobre a Ética lá na citação do primeiro parágrafo, o seu discurso se aproxima bastante por exemplo da fala do nosso contemporâneo professor Leandro Karnal quando diz que “A etiqueta é a noção de Ética nas normas cotidianas e vai para muito além da mesa. Usar a faca corretamente na mão direita, colocar o guardanapo corretamente no colo, colocar a água corretamente no copo mais alto, e maltratar o garçom, significa que não entendeu nada de etiqueta a não ser a parte imbecil dela”. É como se a etiqueta (e a etimologia das palavras não nos deixa mentir) fosse uma gavetinha do grande aparador da Ética.

O rei francês Luiz XIV

(Foto: Reprodução)

Pois muito bem, colocados os devidos pingos nos is, vamos precisar voltar no tempo até a Europa do século XVI para entender a Etiqueta como parte de um processo civilizatório pós Idade Média, um divisor de águas entre bárbaros e nobres. Haveria de se criar normas cerimonias de conduta capazes de regular um comportamento padrão adequado aos meios sociais, sobretudo entre as cortes. Roterdão encantou-se e fez até cartilha para as crianças; E o que dizer de Luis XIV de França (aquela bicha absurda que se auto-designava Rei Sol, observe a imagem) que elevou a Etiqueta à milésima potência do glamour, luxo, poder, cobiça e ostentação. O brilho foi tamanho que bateu aqui via Família Real e mais tarde foi ganhando o mundo através dos meios de comunicação em massa. 

Corta. Tá, mas e hoje? Qual a função social da Etiqueta?

Gosto de pensar (assim como a Danuza o fez) que faço parte de uma tribo iconoclasta. Já repararam quanta coisa nociva e inútil temos derrubado a despeito do muito que ainda resta por fazê-lo? Temos derrubado farsas, impostores e preconceitos diariamente. E à mesa também pode (e deve) ser assim.

Julgar a Etiqueta, ou um mínimo dela, como desimportante seria o mesmo que  descartar uma parte da Ética, e a Ética para mim é indivisível. Mas modelar a Etiqueta, o conteúdo dessa gavetinha, isso a gente pode, e esse upgrade é fundamental porque se a Ética é quase conservadora, a Etiqueta deve surfar na crista da onda. E se a Danuza achava legal pedir que a empregada negra fizesse um torço africano para animar a festa, a Etiqueta de hoje dita rigorosamente que o chique é lavar a sua própria louça, e torço africano não é alegoria, mas símbolo de resistência e afirmação da identidade cultural de um povo que lamentavelmente continua etiquetado como escravizado.

Mas voltando à mesa e à liberdade conquistada de poder ditar as próprias regras de conduta (desde que se tenha bom senso e Ética), eu preciso dizer que acho prático, lindo, uso e gosto. Gosto de bons modos à mesa, o que não quer dizer que eu não possa chuchar o pão no molho que ficou no prato, sem perder a elegância jamais. 

Prefiro mil vezes um serviço à francesa a um à americana ou brasileira esculhambado. Adoro uma mesa bem posta, forrada de linho branco muito bem passado, com flores frescas (baixinhas e sem perfume), pratos, talheres e copos, tudo rigorosa e geometricamente bem dispostos à régua, com talheres pesados e minhas taças distintas de vinhos e água. Que mal há, meu Deus? O que não quer dizer que eu também não seja feliz fazendo o meu prato na panela da cozinha e que não ache de grande chiqueza comer no batente, desde que com a boca fechada, uma regra básica, que todos hão de concordar, facilita a vivência entre as pessoas – o que não significa porém, que tenhamos o direito de ditar regras em qualquer contexto social.

Não tolero ambientes muito ruidosos e pessoas que servem perfumadas; acho mais bonito falar baixo à mesa e mais legal evitar assuntos ruins. Acho as taças de cristal encantadoras, especialmente quando fora das cristaleiras (tem alguma coisa mais cafona do que louça só para exibir?) e amo a brancura e a sinceridade dos guardanapos de algodão, o que não quer dizer que também não veja tanta beleza quanto em beber um orgânico num lagoinha e levar à boca um lindo guardanapo de papel florido, desde que enorme e de boa qualidade, que é para não tingir e nem grudar na boca. Meus olhos brilham vendo as lágrimas robustas de um vinho especialíssimo a escorrer pelo bojo da taça brilhante, o que não quer dizer que seja menos ofuscante o brilho de uma breja na laje, e menos elegante o bigode de chope. A etiqueta moderna anda de mãos dadas com aquela elegância amiga-irmã do bom senso que não se encerra em redutos de cafonice.

Acho atrasos deselegantes e gosto de chegar com flores. Em geral me entendo bem com pratos grã-finos, mas se alguém me servir uma alcachofra ou lagosta inteira, ela pediu, não me aperto e nem penso duas vezes, caio de mão em qualquer Michelin tranquila e calma, sem me abalar e nem olhar para os lados. Se a folha vier grande, você pediu, vou rasgá-la com os dedos que nem o pão, mas faca jamais. Taça de consommé, não sei e nem quero saber se pode, mas vai sempre aos lábios para o último trago. E ai de quem vier me dizer que não fica bem pegar o último supplì no centro da mesa. Tenha paciência!

Cotovelos à mesa super pode se não estiver comendo; mas se aquele dedinho mindinho insistir em levantar na hora de segurar a taça, a xícara ou qualquer coisa que o valha contra a sua vontade, taca um esparadrapo e simula um corte. 

Acho feião fazer prato grande, mas me deixe repetir sem culpa, que um pouco de hedonismo não há de ser antiético, desde que não invada o orbe alheio.

Cortar massa longa não pode. Não sei porque, não me pergunte, mas obedeço, que a gente não tem resposta pra tudo. E depois, adoro enrolar no garfo e fazer a linha dama e vagabundo no final. Barulho na hora de tomar sopa e de canudinho no fim do drink, não né? Empurrar o prato depois de comer, também não, podemos combinar? Parece uma recusa pós barriga cheia. Não espero garçom para pegar o guardanapo que eu deixei cair no chão, sinto muito.  Aliás, dobrar o guardanapo depois de usado não pode (vai que alguém reaproveita achando que está limpo); cruzar os talheres depois de comer também não, e palito... mil vezes não! Palito, já dizia a Danuza, “Nem pensar, mas nem pensar mesmo. Só escondida, trancada no banheiro, luz apagada”. Morro de rir até hoje com essa cena tão bem desenhada.

Em resumo, amores, a função social da etiqueta é garantir um convívio social minimamente respeitoso e harmônico ainda que em casa a gente receba o ogro. Necessário portanto, não?

Beijo!

Kátia Najara é cozinheira e empreendedora criativa do @piteu_cozinhafetiva

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